França do Século XVII. Numa peqeuna aldeia no norte das terras do "Rei Sol" nascia um homem que por si só era uma própria contradição. Em termos atuais ele com certeza seria inaceitável em qualquer convivência social, visto que atualmente as pessoas estão bem mais preocupadas com a personalidade e conceitos dos outros, literalmente sem olhar para o próprio rabo. Sua maior contradição era ser um padre que não acreditava em Deus. Mas como assim?
Fiquei intrigado quando vi uma resenha no site da Folha sobre o livro "Ateísmo e Revolta" do doutor em filosofia Paulo Jonas de Lima Piva que conta a história e, principalmente, os conceitos pré-comunistas e ateístas de Jean Meslier (1664-1792).
O clérigo foi um dos mais influentes precussores do Iluminismo, que tinha como principal guia a busca pela racionalidade, além do materialismo.
Dentre seus discurssos inflamados podemos encontrar "broncas" contra as injustiças sociais e "peiticas" de Luís XIV, a exploração dos oprimidos, a dogmação da criação do universo, o poder das divindades e suas transcendências, os profetas, os santos, a religião católica, dentre outros assuntos.
Sobretudo Meslier foi um materialista que acreditou piamente que tudo foi originado da própria evolução da natureza. De praxe sempre disse que nada se sobrepunha ao plano físico e concreto.
Ele foi além ao definir Jesus Cristo como "louco, fanático, ignorante e charlatão, como um indivíduo astuto que se aproveitou da credulidade e do desespero de pessoas ignorantes para estabelecer o seu império".
Todos esses argumentos podem ser encontrados em diversas obras feitas sobre a vida de Jean Meslier, mais específicamente numa coletânea de cartas escritas à punho, chamadas de "Cartas aos Curas" (1720).
Acredito que todos os caros leitores ainda fazem a mesma pergunta do começo desse texto: "mas por quê?". A resposta é a mesma que foi dada a milhares de perguntas sobre a humanidade: a intolerância.
Não existia opção para um jovem pobre da sociedade hierarquizada da "idade das trevas" que buscava sobretudo sobrevivência e educação. Por mais que concordem ou não com a atitude de Jean Meslier em permanecere durante toda sua vida defendendo algo e praticando outra coisa, todos devem se espelhar no exemplo deste rapaz de não abrir mão do que você pensa ou acredita para não bater de frente com os dogmas da sociedade. Apesar de combater essa prática Meslier foi um grande "charlatão" que soube como ninguém se utilizar de um meio prático (sua sobrevivência) para fazer prevalecer seus conceitos. Esse jovem radical, apesar de não ter o devido reconhecimento, foi um dos pilares de diversos estudos posteriores sobre a sociedade. Referência para gente como Bakunin, Sade, Marx e por aí vai.
Ser rebelde é remar contra a maré? Jamais! Rebeldia é nadar junto com a maioria e fazer valer sua vontade sem derrubar uma agulha!
Sejamos cada vez mais inteligentes.
"Amém!"
domingo, 21 de fevereiro de 2010
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