terça-feira, 31 de agosto de 2010

As oblíquas e prazerosas curvas do desejo


O amor e o desejo. Paradoxos tão vivos na mente de muitos. Já foi bem reproduzido no livro do Arnaldo Jabor que deu origem a música interpretada por Rita Lee. O amor, ser endeusado e que vive em cima de uma nuvem no cantinho do céu. O desejo, o promíscuo sentimento servido como um foundie nas profundezas do inferno. Maldita mania de segregação dos seres humanos.


Caindo em si percebo que os dois não podem caminhar separados. Não podem. Seria mentiroso ao dizer que pretendo amar e jamais ver minha cama pegando fogo. Sentir ciúmes. Chorar e bater na parede de raiva por um momento de desentendimento. E, no fim, correr para os braços do amor em busca de reconciliação, resolvida em ardente noite de luxúria. Quem não sente um friozinho tímido na barriga ao imaginar essa cena.

Quem também não quer ser desejado? Perseguido? Odiado por não corresponder? 



Vivemos em função do desejo eterno. De nos sentirmos vivos diante de parceiros amorosos em potencial. Por isso nos guardamos e nos cuidamos para prolongar o quanto mais nossa juventude. Saúde? Todos correm para as academias para ficarem desejáveis.

Força nos braços para não deixar a fêmea fugir. Peitos musculosos para a fêmea se sentir acalentada. Glúteos sensuais para o singelo movimento da dança da conquista. Assim funciona o jogo. O suor desce e o desejo se expande.

A sedução surge no olhar. Um olhar safado, nunca acolhedor. O impacto de uma boa encarada, um movimento de lábios esboçando um sorriso sem vergonha, um toque. Essa é a física.

A química está no cheiro da mulher desejada. No suor que desce pelas costas do rapaz. E essa troca nos contenta, faz com que caiamos num redemoinho de dúvidas até que chega o outro momento, o outro e o outro. Quando percebemos, estamos completamente entregues.

Encontros são aguardados. Sorrisos compartilhados. Bobagens faladas. Tudo esquecido no primeiro suculento beijo. Tão aguardado. Tão nervoso. Mas que tira um peso de suas costas ao sentir que o objeto de conquista agora está nos seus braços.

Tudo é mais bonito. Você quer vê-la a qualquer hora. Quebra sua rotina. Falta aos compromissos. Passa até a usar o relaxado celular com maior frequência. E tudo vai fluindo até aparecer um terceiro, que lhe impõe ciúme e lhe aquece a tentar reconquistar sua presa cada dia mais.

Você se faz presente. Oferece o que jamais poderia colocar em prova. E ama. Completamente ama. Até o dia em que ela acha que o outro vale bem mais a pena que você.

E você sofre. Despedaça-se sem piedade. E chora.

Entrega-se à primeira alma viva que aparece. Até pôr a vida inteira no lugar novamente. Para daí, começar tudo outra vez.

Taí o poder de renovação do ser humano.

Desejar, ser desejado e fazer com que isso nunca pare de acontecer. Esse é o tão falado "amor-próprio". Essa é a drenagem que mantém nossas velhas veias pulsarem. É isso que nos faz sentir ser homem ou mulher. 

"Para realmente amar uma mulher, para compreendê-la,
Você precisa conhecê-la profundamente por dentro.
Ouvir cada pensamento, ver cada sonho
E dar-lhe asas quando ela quiser voar.
Então, quando você se achar repousando,
Desamparado nos braços dela,
Você saberá que realmente ama uma mulher..."

sábado, 28 de agosto de 2010

Glee é um pedaço meu que ficou no passado

Joguem suas "raspadinhas"

Hoje foram divulgadas as fotos do elenco de Glee para a segunda temporada da série. Não cheguei a vir neste espaço falar da grata surpresa que tive com o seriado no ano de 2010. Aproveito a oportunidade para tratar deste assunto.


Posso não transparecer, mas sou muito diferente de todo o mundo. Desde muito pequeno demonstrei gostar de coisas muito particulares e que só eu mesmo entedia. Não, caro leitor! Você não está diante de um sadomasoquista, muito menos lendo o blog do Gerson. Simplesmente tinha meu próprio jeito de viver, minha brincadeiras malucas e meu silêncio como companheiro. Fui criado pela TV Cultura enquanto meus pais trabalhavam, vocês devem saber como é isso.


Minhas diferenças na personalidade me fazem ter uma absoluta sensibilidade pelo que me marca. Posso parecer diplomático e nunca desaprovar nada, mas isso é consequência da vida em sociedade. Eu sei sim detectar muito bem as coisas que me tocam o coração. E foi assim com Glee.


Jovens diferentes, engraçados, dramáticos e inquietos que só buscam minutos de felicidade naquilo que eles mais gostam de fazer. Brilhar! Eu adoro brilhar. Mas não tenho exercitado muito esse meu lado visto realidades que encontrei na faculdade.


Porém, quando vejo a superação que os personagens da série passam (seja o deficiente físico que sonha em dançar, a menina negra e gorda que sonha em ser Beyoncé) eu sinto que um dia posso chegar mais perto do que eu sempre sonhei.


Uma amiga (@rafinhalira) me disse uma vez que se tirarmos a parte musical de Glee o seriado seria como um outro qualquer. Concordo plenamente. Porém, a mágica em cada interpretação, o sentimento de estar em busca de ascensão e o melodrama de viver pequenos e bobos conflitos é fascinante. Tais questões me fazem aproximar da história daquelas personagens. E eu gosto muito disso.


Will Schuester (professor do coral) talvez seja um dos personagens mais parecidos comigo. Teve suas chances. Usou seu talento e brilhou. Mas, deixou isso que era tão importante para se tornar um ser humano comum. A maior bobagem que Schuester e eu fizemos.


Glee, acima das críticas da aspirante a Lindsay, Miley Cirrus, é um reencontro com o que há de mais puro e natural do ser humano. É o instinto de querer ter o seu lugar de destaque e ser feliz naquilo que ama fazer.


Eu indico. 


E encerro essa viagem com uma das canções que marcaram o New Directions (coral) na primeira temporada.


"Some will win, some will lose.
Some were born to sing the blues".


É isso!


P.S.: Quem quiser a primeira temporada é só me avisar que faço um DVD'zinho com carinho. O que é bom tem de ser reverberado.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Ele veio te pegar?

Sono. Quatro letras. Pigmentos de um estado, ou seria um sentimento? Não sei bem definir o que ele é, só sei que está para o autor desse texto como para o leitor do mesmo.

Os olhos pesam. A vista embaça. E o que nos resta é se entregar à ele como uma virgem de 17 anos. E os meus princípios, onde ficam?

Tolo aquele que resiste.

O sono é como uma ante-sala de uma clínica. A fase do temor diante o inesperado. De que adianta dormir se vou acordar. De que adianta acordar se vou ter que dormir novamente. E o sono reina como senhor absoluto para nos obrigar a fazer o que não queremos.

A falta dele nos gera doenças, insatisfação e flatulências. O excesso dele também.

Não adianta levantar e baixar a vista na rotação das novidades do Twitter. Não adianta se entreter no Msn com aquele brotinho desejado. Não adianta nada. Quando ele vem, ele fica até você desistir de si mesmo.

Independentes nos sentimos quando vencemos ele no prazer. Cansados quando o derrotamos no pesar. Tão dúbio e tão eminente.

Tão iminente!

Pois é, acabo de me tornar um último suspiro. Essas divagações foram como a última gota do alcoólatra.

É inevitável. Entregar-me-ei.

O meu está esperando na minha cama com seu agasalho marrom. Irresistível como sempre. Pois bem, não perderei mais tempo e me entregarei de corpo e alma ao sono.

domingo, 22 de agosto de 2010

"Hey, Jude!"

“Hey Jude, don’t make it bad”.  Quantas vezes não embalou minha vida com esse verso de John Lennon e Paul McCartney? Ontem seria mais um dia para reverberar essas palavrinhas mágicas e reconhecíveis por boa parte dos 6 bilhões de seres humanos deste planeta. Mas ontem era diferente. Ontem era especial.

Peguei a minha gata (Luciana), subi na minha motoca com meu casaco de couro e fui viver a vida que não vivi há 60 anos.



Promoção da Rádio Mais FM Educativa (meu trabalho) a banda Rubber Soul, que comprovou ser a maior cover dos Beatles, animou o público iguatuense sedento. Muito sedento.

Depois de uma magnífica abertura de Ricardo sentiu-se um calor estranho de aglomeração. Arrepios. Assobios. Uma ansiedade diferente para o público diferenciado que se propôs a curtir o evento. Todos ansiosos pelo melhor da música da alma.

“Take a sad song and make it better”. E assim transformamos nossa vida em algo bem melhor após o deleite sobre obras raras como “A Hard Day’s Night”, “Help!”, “Girl”, “All My Loving”, e por aí vai. Estava sim precisando cantar alto essas canções e exorcizar ainda mais os fantasmas recentes.

“Remember, to let her into your heart”. Lembrei sim de deixar a minha própria vida voltar ao meu coração. Sentir novamente que existo. Passamos a vida inteira costurando as individualidades alheias para viver em sociedade, que acabamos esquecendo o quanto nós somos bonitos e quanto precisamos talhar a nossa felicidade. Ontem senti meus amigos se dedicarem a mim em cada uma daquelas singelas canções tão famosas. Senti que dediquei com carinho aquelas palavras aos velhos amigos de sempre, aos novos amigos de agora e, principalmente, a qualquer desconhecido que ali estivesse sentindo aquela energia.

Pude conhecer uma pessoa que a muito esperava. Vanessa Vidal, uma garota que admiro e torço. Alguém que gostaria de ser pelo menos 2%.

“Then you can start, to make it better”. E assim, a noite foi terminada. Porque se dependesse de mim ela ainda estaria pulsando. Voltei para casa na minha lambreta com a sensação de que vivi um sonho. Um sonho que me fez viajar. Um sonho que me fez melhorar.

“Na na na na na na na na na na na, Hey Jude!”.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Bomba: Artistas têm apartamentos funcionais em Brasília

“O homem é uma animal político”, assim falou Aristóteles numa das verdades mais absolutas da nossa humanidade. Chega dessa balela de que amamos o mundo e uns aos outros, ou que queremos ver o desenvolvimento... Chega dessa paranóia de bons moços! Nós somos políticos e ponto. Queremos ver o circo pegar fogo. Queremos conseguir vantagens. Queremos ver a nossa vontade sendo atendida.

Teatro de Brasília

O nobre homem da capital, proprietário de um conglomerado de empresas de confecção popular tem como prioridade um mundo igual? Não. Ele precisa de pessoas pobres para comprar os seus produtos. A manicure de vinte e cinco anos quer ver incentivo a outras jovens da periferia para se inserir na sua profissão? Não. O pai bêbado do botequim, que deixa mulher e três crianças em casa, quer o fim do assistencialismo pelo socialismo? Não.

E é assim que as coisas são.

Ser político, apesar de estar na nossa natureza é algo que deve ser desenvolvido como uma arte. Para se chegar à realização dos anseios de poder os “bons homens” que batem à porta de quatro em quatro anos precisam de um verdadeiro treinamento de guerrilha para suportar viver numa realidade que não é a sua, cercado de pessoas estranhas e com um afiado sorriso no rosto. Um ator nato. Que arrebata platéias de milhares de votos pelo país.

Pego-me vendo a baixaria de diversos “artistas” no guia eleitoral. Desfavorecendo e “chicoteando” a sua classe. Tão tolos. Por mais anos de palco que tenham, jamais conseguirão interpretar um papel tão difícil como é o do bom e velho político brasileiro.

Público aguarda nova apresentação

E o povo? O povo gosta. Gosta não, ama esse espetáculo a céu aberto e participa intensamente do arrastão. Discutem, rasgam-se, matam, morrem, xingam, por nada mais nada menos que interesse. Nem que seja o interesse de ver o “meu candidato” conseguir um voto a mais que o adversário.

E os artistas? Calam-se. Não como na ditadura. O que é pior.

E os palhaços? Calam-se. Assim como na ditadura. O que é pior ainda.

Mas assistamos ao fim desse pleito. E no final, aplaudamos de pé toda essa patota. Na verdade, é disso que a gente gosta!

A política desagrega mais que une.

O Brasil é um verdadeiro espelho do mundo, pois reflete o que vem de fora ao contrário.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Boom Boom Pow

O futuro está na batida. Não foi especificamente com essas palavras, nem foi se referindo a um peculiar doce da culinária nordestina que um dos vocalistas da banda americana Black Eyed Peas sacramentou o futuro da música pop.

Na entrevista, dada à publicação “Rolling Stone” Will.I.Am é questionado pelo sucesso de sua trupe que vem batendo recordes ao redor do mundo inteiro. Ao lado de Fergie, Apl.De.Ap e Taboo, este radicado na Califórnia conseguiu a marca da música mais baixada da história. O single “I Gotta Feeling” (que você deve ter ouvido ao menos num baile de formatura ou numa festa do BBB) chegou à incrível marca de 6 milhões de downloads. Um verdadeiro prêmio do público para qualquer músico.



A batida é a essência do Black Eyed Peas, e Will faz questão de deixar claro que ela é o rumo da música pop. Chegou ao fim a era das canções com letra carregada, ou que requerem certo nível elevado de dicção para sua pronúncia. Quanto menor, melhor. Quanto mais fácil, mais cantada será. Assim como uma batida no coração. Assim como um átomo de uma grande estrutura.
Não é insensatez chegar a esta conclusão. É racionalidade. O Black Eyed Peas é, talvez, uma das bandas mais lineares (ao se tratar de carreira) da história. Sempre no topo, bit a bit, o quarteto consegue novos públicos ou desperta, no mínimo, uma pequena curiosidade naqueles que nem fazem questão que ela exista.

“De quem é mesmo aquela música, ‘that tonight’s gonna be a good night’?”, pergunta a desatenta e animada menina.

Experimentando novas vertentes, fazendo parcerias, mantendo uma íntima relação com a publicidade, o Black Eyed Peas chega ao Brasil em outubro. Estarei lá pra comprovar tudo isso que escrevo. Muita interação e homenagem à nossa cultura são esperadas. Quem promete? Will.I.Am.

Alguém duvida do contrário?

Quer ver? 15 de outubro em Fortaleza. 17 de outubro em Recife. 19 de outubro em Salvador. 22 de outubro em Brasília. 24 de outubro no Rio. 26 de outubro em Belo Horizonte. 29 de outubro em Porto Alegre. 01 de novembro em Floripa. 04 de novembro em São Paulo. 11 de novembro em Santiago.