segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Superpoderes podem dar segunda chance a seres humanos

Guardamos da infância o ideal de sermos úteis para a sociedade sob qualquer aspecto. Deveria ser direito garantido para as crianças a presença de um exemplo a ser seguido em sua família. Mas diante de fatos intrigantes como o pai que deixou o filho de 1 ano e 11 meses ter um coma alcoólico e da mãe que permitiu que a filha de 4 anos fumasse maconha fica mais difícil para a infância de hoje um reflexo para suas atitudes futuras, que devem transformar a nossa realidade.

'The Real Life Super Heroes Project
Na carência de ícones elas procuram os super-heróis. Homens e mulheres com superpoderes que vestem roupas de borracha, vencem vilões de outro planeta e conquistam um parceiro sexualmente atraente. Mas o que faz eles quererem esse posto? Por que não usar seus poderes e dominar o mundo? Por que não ficar no seu canto sem arriscar a pele para defender um dessemelhante?

Podemos encontrar o elo entre eles nos seus passados difíceis de abandono e incompreensão. Peter Benjamin Parker, o homem por trás das teias que combatem o mal em Nova Iorque ficou órfão muito cedo, sofreu bullying e se sente responsável pela morte brutal do tio que lhe criou. Kal-El foi mandado embora de seu planeta antes de uma explosão que extinguiu sua raça, na Terra foi adotado e denominado Clark Kent, viveu por toda sua vida com a responsabilidade de manter uma dupla personalidade. Além do mais, virou jornalista, fato que não deve lhe trazer grandes recordações. James Logan Howlett era uma criança frágil e com garras. Matou o padrasto, foi expulso de casa pela mãe, virou uma arma letal do exército e participou de experiência que trocou seus ossos por um esqueleto indestrutível de metal. Com uma sede de fúria entrou numa escola de apoio a jovens mutantes e ficou conhecido como Wolverine. Podemos dizer que para ser um super-herói são necessárias péssimas histórias para contar e, principalmente, usar a adversidade como batente para se tornar um cidadão atuante.

E assim, um grupo de jovens (nem tão jovens assim) vem saindo às ruas do Canadá e Estados Unidos a fim de solucionar problemas das pessoas mais frágeis da sociedade. Eles literalmente vestem fantasias e saem por aí defendendo as pessoas excluídas. Enfrentam a criminalidade, a promiscuidade das vias e se tornaram uma verdadeira legião de super-heróis modernos.

Thanatos
Juntos formaram a The Real Life Super Hero Project, uma liga de pessoas comuns que vestem fantasias para ajudar moradores de ruas. Mesmo sem poderes especiais eles livram essas pessoas do esquecimento levando serviços básicos como água e comida, chegando a enfrentar verdadeiros vilões pelo bem dessas pessoas. Thanatos, que usa um sobretudo preto, chapéu e máscara verde já enfrentou traficantes de drogas. “Ele colocou uma arma no meu estômago, eu estava com colete à prova de balas, então o desarmei”, disse em entrevista à Folha.

Em Nova Iorque quem chama a atenção é Dark Guardian, (ou Life para os íntimos) de 26 anos. Professor de artes marciais, foi abusado pelo pai quando criança. Hoje livra os mendigos de ataques de gangues. “Quis ser um exemplo para os outros, como os personagens dos quadrinhos”, contou.

Dark Guardian ou Life
A “liga” ficou mais famosa quando o consagrado fotógrafo Peter Tangen, responsável pelos pôsteres de “Homem-Aranha” e “Batman Begins”,  os homenageou com retratos dignos dos grandes personagens dos quadrinhos.

Apesar de ser um movimento pequeno, o Real Life Super Hero ganha diversos admiradores. Eu, por exemplo. Os governos pedem cautela e orientam a população a nunca fazer justiça com as próprias mãos, mas é muito bom ver seres humanos comuns em busca do prol coletivo, mesmo que pareça devaneio de uma mente infantilizada. Eles colocam a mão na massa e não ficam apenas atrás de um computador achando que o mundo é ruim por isso ou por aquilo sempre tendo seus interesses pessoais à frente de qualquer outra coisa.

Não é preciso vestir uma capa preta, colocar uma máscara ou vestir um decote para ser um super-heróis. Você mesmo pode se tornar um com seu jeans surrado e uma camisa branca sem sal. Basta que você se sinta importante e mostre sua importância a quem precisa dela gratuitamente. Se agirmos mais do que falarmos, sem buscar recompensas, vamos deixar este mundo com a mente tranqüila de que servimos para algo. E se achar útil já é algo muito importante para a juventude pós-moderna.

Somos experts em apontar problemas sem solução. Culpamos a família, a falta de dinheiro, de oportunidades, a sociedade em que vivemos. Apenas culpamos. E perdemos um raro tempo com lamúrias deixando, portanto, de concretizar mudanças. O poder pode ser nosso sim, basta ver o que há por trás do espelho de Ícaro, que nunca foi um super-herói.

Conheça o trabalho do Real Life Super Heroes clicando neste link.

6 comentários:

  1. Gostei desse post, acho que esse movimento, de uma forma ou de outra, parece um mix: consciência social/hobbie/coisa estranha... m as tá valendo, sempre é bom ajudar, principalmente pra quem é ajudado, né. Só é complicado essa coisa de fazer justiça com as próprias mãos, isso quase nunca dá certo... abraços!

    F.

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  2. ÓTimos seus posts meu super preto herói!!!
    Vc já fez sua parte...

    Beijo*

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  3. interessante o texto...soube escrever bem..o tema,...resumindo não existe heróis como antes,...eee

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  4. Até o momento não conhecia esse movimento, por isso, logo de primeira, vou considerar esse post informativo, mas eu tb poderia dizer q ele é bem escrito, humano, divertido e sensibilizador (principalmente em seus últimos parágrafos).
    Taí, gostei!

    P.S. Valeu pelo apoio lá no 'Para que nunca me esqueça'.

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  5. "Basta que você se sinta importante e mostre sua importância a quem precisa dela gratuitamente."
    Esse é o maior problema de hoje. São poucos que se destinam a ajudar as pessoas gratuitamente. Muitos ajudam esperando algo em troca, num futuro próximo. Esse é o diferencial dessa legião: faz o bem gratuito.
    Abraço
    perplife.blogspot.com

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