Ah! Como ela te engana...

Já pensou se no Natal, ao invés de um presente bem bacaninha, o obeso Papai Noel lhe trouxesse um maço de cigarros? Ou uma inocente criança, com olhar disperso, dissesse: "Mamãe só é feliz porque fuma Marlboro". Que lindinho!

Mas o Aldeia num tá maluco propondo esse tipo de situação não. É a própria história do comércio de cigarros que traz consigo esses absurdos. Essas afirmações eram estratégias de marketing muito eficientes na metade do século. E o público brasileiro vai poder conhecer um pouco desses anúncios que fizeram desse produto um dos mais destacados comercialmente. Onde? Na mostra "Propaganda de Cigarro. Como a indústria enganou você", que fica em cartaz até o dia 26 de outubro na livraria Cultura do Conjunto Nacional, com entrada franca.

A idéia da exposição partiu dois professores da Universidade de Stanford, que coletaram mais de 60 campanhas publicitárias veiculadas nos Estados Unidos entre as décadas de 1920 e 1950.

Durante esse período a indústria do cigarro e os médicos viviam em frente de batalha a respeito das conseqüências do fumo na vida das pessoas. Enquanto os estudos que podiam comprovar os malefícios eram escassos, as propagandas vinham sobre a ferida e usavam técnicas que induzissem as pessoas a consumirem sem peso na consciência. "Em vez de demonstrar preocupação com a saúde do consumidor, a indústria simplesmente criou o mito de que o cigarro é seguro e pode inclusive melhorar a saúde.", afirma Robert Jackler, um dos responsáveis pela exposição.

Dentre as peças mais curiosas destacamos a campanha em que um bebê de colo interagia com a sua mamãe. "Nossa mamãe, você gosta mesmo do seu Marlboro". E ela prontamente respondia: "Sim, você nunca sente que fumou demais. É o milgare Marlboro!".

Quem teve a inciativa de trazer a exposição ao Brasil foi a agência Nova/SB que tem muitas campanhas criadas contra o tabagismo. Dentre seus clientes, por exemplo, está a Organização Mundial da Saúde.O objetivo exato é mostrar como a propaganda é capaz de inverter valores, inclusive no século XXI. Isso mesmo. Segundo Jackler, "a indústria do cigarro faz a mesma coisa até hoje".